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PRESS RELEASE NR.01/UNITA/
C.P.C.P/2001

MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998

CARTA ABERTA AOS POVOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS EM ANGOLA E AS PETROLÍFERAS

1.     Introdução

Segundo a EIA, Energy Information Administration, existem  35  empresas, ou agrupamentos de empresas, a operar na exploração do Petróleo em Angola.

Seria certamente importante que estas  35  empresas cumprissem a função ética inerente a uma actividade empresarial dos dias de hoje, em especial estas  35  empresas que são, na sua larga maioria, empresas transnacionais com um elevado rendimento, dadas as características do sector onde laboram.

De facto, se cumprissem a sua função ética não veriamos, na INTERNET, na página da Assembleia Nacional Francesa, o que segue, " Em África, o sector petrolífero não ajudou ao Desenvolvimento...para que serviu o rendimento petrolífero, pois a dívida aumentou, as populações empobreceram e as infraestruturas estão em estado deplorável.", ( in, Relatório de Informação da Comissão de Negócios Estrangeiros, 13.10.1999 ).

Mesmo em relação a Angola pode-se ler, no Relatório atrás referido, afirmações do sr. Pierre Brana, citando o sr Ngalejy Yorongar, deputado da Federação para a República, da Ass. Nacional do Chade, " para quem o petróleo origina ...a guerra e o sangue em África, ( Angola, Congo Kinshasa, Congo Brazzaville, Nigéria e o Sudão ). O petroleo do Gabão, não mais que o de Angola, do Congo ou dos camarões, não ajudou em nada as populações destes países.".

Foi durante uma breve investigação feita à volta do Caso ELF que se optou pela elaboração deste pequeno documento sobre o impacto das actividades das empresas petrolíferas no Desenvolvimento, na promoção dos Direitos Humanos, na Defesa do Ambiente e no combate à corrupção.

E tal porque se verificou algo de espantoso e grave,

         Se existe uma significativa informação sobre casos de corrupção, de violação dos Direitos Humanos e do Ambiente provocadas pelas actividades empresariais das empresas petrolíferas no mundo, o silêncio em volta do sucedido em Angola, transforma-se em algo de dramático.

 2.     O caso ELF não existe?

Comecemos por relevar, antes do mais, que o caso ELF é um caso antigo nos meis judiciais franceses, envolvendo graves elementos de corrupção, envolvendo segmentos importantes da classe política francesa e inúmeros chefes de estado Africanos, da Francofonia em especial e que se iniciou por voltas de 1996.

Tem este caso ELF tido a oportunidade de se manter dada a teimosia investigativa de uma juíza francesa, Eva Joly. O mesmo caso, aliás, já se denominou, na comunicação social francesa "caso Biedermann", "caso Le Floch-Prigant", "caso das fragatas", "caso Dumas", e, "poderá vir a chamar-se "caso Tarallo"", segundo o jornal comunista francês, L'Humanité.

Ao fim de 3/4 anos de investigação pôde-se já obter que, " de 1990 a 1997, cerca de 610 milhões de francos, ( aproximadamente 20 milhões de contos ), transitaram pelas contas suiças de André Tarallo, ex senhor África da sociedade", para, citando do Humanité as declarações do sr André Tarallo ao Le Monde, " Nos meios petrolíferos existem bónus oficiais que estão previstos pelos contratos, (mas), existem outros bónus, ques e pode dizer serem paralelos, mas têm de ser cumpridos "

Segundo o sr André Tarallo e o Lhumanité, o "antigo PDG da ELF Gabão explicou ao juiz Van Ruymbeke, o sistema,...no centro deste sistema dos "contratos d'abonnements" que previam a entrega de 40 cents, (3 francos), em contas de sociedades offshore por cada barril comprado pela ELF Trading...".

Assim, o L'Humanité refere, " o neocolonialismo à francesa tal como é implementado por exemplo, no Gabão, no Congo Brazzaville ou, mais recentemente, em Angola", para caracterizar as relações ELF/África.

A agência noticiosa AFP, a 15.7.2000, citava mais do senhor Tarallo, baseada na entrevista deste senhor à Rádio France Internationale, RFI, " o sistema de relações em África é tal que se beneficia em um país das boas relações havidas em um outro... Eu creio ter dito, ( aos juízes ), por exemplo, que o Presidente Sassou tinha sido muito eficaz na entrada do grupo ELF em Angola e nos tinha recomendado junto do Presidente, ( angolano ) dos Santos, de forma a que ele apreciasse a forma como trabalhamos.".

Hoje a única coisa que podemos ter a certeza é que este caso ELF, que pode hoje ser um caso Tarallo, mas que tem 4 anos, não parou aqui.

Se é que se ficará por ser um "caso ELF", se é que não tenderá a ser um " caso empresas petrolíferas "....

Para reforçar esta ideia citemos um pouco mais o Relatório de Informação realizado pela Comissão dos Negócios Estrangeiros, da Ass. Nacional Francesa, datado de 13.10.99, " Ela, ( a missão ), constactou que as companhias petrolíferas respeitam as normas internacionais de forma aleatória porque os seus Estados de origem as encorajavam pouco"          

De qualquer forma, este "caso Tarallo" originou a que, de forma veemente,  a 19 de Julho de 2 000, o Gabinete da Presidência se pronunciasse sobre ele, facto que sucede pela primeira vez, este de haver um desmentido formal de ligação do eng. Dos santos com actos de corrupção, " ...este gabinete sente-se na obrigação de repudiar tais alegações com as quais o sr Tarallo possa estar a esconder possíveis actos criminosos cometidos por ele ou por seus colegas na ELF ".

Assim, para a Presidência da  República Angolana, o caso ELF não existe senão por via de "campanhas difamatórias".

3.     O que a INTERNET nos fornece...

Tendo procurado obter informação sobre as  35  empresas a operar em Angola, foi possível obtê-la sobre  8  -  CHEVRON, AGIP, TEXACO, TOTAL/FINA/ELF, EXON/MOBIL, BP/AMOCO, OCCIDENTAL e SHELL.

O que se obteve não abona muito em favôr do geral das empresas petrolíferas em causa, como a seguir se verá.

Note-se que se trata de uma investigação simples, navegando por várias ONG's e algumas outras páginas, mais oficiais umas que outras, assim como por vária comunicação social e, ainda com base em alguma informação obtida nas páginas da Assembleia Nacional Francesa e na Câmara dos Representantes dos EUA.

Sintetizou-se, de seguida, a informação em um quadro, em anexo, e que se reflecte agora somente para as  8  de quem se obteve informação credível.

4.     Alguns exemplos...

 

CHEVRON, viola a lei tanto no que concerne aos Direitos Humanos, quanto no que respeita à defesa do Ambiente, como no que diz respeito à Corrupção. É citada por  5  ONG's e viola as regras em  3  continentes, incluindo o Africano.

Em Angola detem, como operador, o Bloco 0, Cabinda, (A,B,C) e  o bloco 14

 

TOTAL/FINA/ELF, viola a lei nos  3  itens atrás, DH, Amb. e Corr.. É citada por  5  ONG's,  6  meios de comunicação social e foi alvo de auditoria pela Comissão de Negócios estrangeiros da Assembleia Nacional Francesa, via ELF. Estas violações concentram-se em  2  Continentes, África e Europa.

Em Angola, é operadora nos blocos, 3, ( area 80 e 85/91), 17, 19, 32, 34(area A), (area B), e Cabinda Sul. É parceira em Cabinda/A,B,C), Safueiro, bloco2(area 80/85), 14, 31, 33.

 (cont.)

 

 

OCCIDENTAL, viola os  3  itens acima. É citada por um único meio de comunicação social e concentra a informação de violações em um único Continente.

Opera em Cabinda norte

SHELL, viola a lei em  2  itens, DH e Amb., é citada por  4  ONG's e  2  meios de comunicação social . É denunciada em  3  Continentes e sub continentes.

É Parceira no bloco 18, em Angola.

BP/AMOCO, viola a lei na vertente DH e Amb.. É citada por  4  ONG's,  1  meio de comunicação social e  2  entidades estatais. As suas violações afectam  5  Continentes e subcontinentes, incluindo África.

É Operadora no bloco 18, 31. É Parceira no bloco 5, 15, 17, 21.

TEXACO, viola a lei em DH e Amb. É denunciada por  2 ONG's. Concentra estas violações em  1  Continente.

É, em Angola, Operadora no bloco2 e 22. È Parceira no bloco20.

AGIP, viola a lei em  2  itens, DH e Amb. É citada por  1  ONG e concentra as violações em  1  Continente, o Africano.

É, em Angola, Operadora no bloco1,Safueiro e no bloco 25. É Parceira no bloco 0, (A,B,C), bloco 3, (area 80 ), ( area 85/91), bloco 14 e 15.

EXXON/MOBIL, viola a lei em  2  itens, DH e Amb. É citada por  3  ONG's, e concentra estes actos em  1  Continente, o Africano.

Em Angola é Operadora nos blocos 15, 20, 24, 33. É Parceira nos blocos, 9, 17, 21, 22, 25, 31 e 32.

 

3.1  17 intelectuais contra as " Linhas de Orientação para a Cooperação entre a ONU e a Comunidade de Negócios

 

A 25.07.2000,   17 Intelectuais de  9  países enviaram uma Carta Aberta a Sª Exia o Secretário Geral da ONU, o sr Kofi Annan, mostrando o seu "desapontamento", quando souberam quem eram as entidades aderente e aceites pela ONU, a estas "Linhas de Orientação".

Citemos alguns dos casos referidos na carta em causa,

·  " A Shell é uma corporação com uma larga história de cumplicidades nos abusos dos Direitos Humanos, e é em especial infâme na Nigéria"

·  " A  BP/AMOCO é outra companhia de uma sofisticada retórica nas matérias sociais e ambientais "

Recordemos ainda o fim da referida Carta," Em resumo, sr Secretário Geral, a parceria Global Compact e as Linhas de Orientação para a Cooperação não asseguram a integridade e a independência", das Nações Unidas.

3.2   A African Research Center e a CHEVRON

 Em uma referência ao "Meeting de Informação e Consulta sobre o West African Gas Pipelaine", realizado a 14/15 de Março de 2 000, onde participaram  130  representantes de comunidades envolvidas pelas áreas do Projecto e que terminaram o Meeting a rejeitar o mesmo, é acentuado, sobre a CHEVRON,

·         "A Chevron sente-se muito mais confortável entre as armas dos militares que junto das comunidades que afecta", disse tal Carwil James, activista da Project Underground

·         "Condenam o conceito "crédito de carbono"  e enfatizam que a Chevron e os outros membros do consórcio nunca foram amigos do Ambiente na sua actividade"

3.3 A BP, um passado de Apartheid, poluição e exploração

" A BP é uma das últimas  3  multinacionais que se manteve a refinar petróleo na África do Sul apesar do embargo internacional de petróleo...e ...segundo Anne Griffin, responsável da TransAfrica," as operações da BP/Shell na África do Sul são o exemplo do que não deve suceder, para o movimento antiapartheid".

 " A BP resistiu às regulamentações governamentais sobre actividades petrolíferas e solicitou autorização para estender a exploração para o Refúgio para a Vida Selvagem do Ártico"

 3.3   Por detrás das campanhas petrolíferas

Segundo Robert Benson, um professor universitário em Direito da Loyola University, " O petróleo traz sempre consigo uma transformação feia da Cultura e traz quasi sempre a Violência".

" Na Nigéria, os Relatórios sobre a evolução dos abusos ao Direitos Humanos pela Shell incluem o conluio com os militares para reprimir os dissidentes"(Independent Annual Report).

" Mas  as companhias petrolí8feras estão a beneficiar directamente destas cruéis tentativas de reprimir dissidentes... em 4 de Janeiro, (99), soldados armados, um helicóptero da Chevron e barcos da Chevron atacaram aldeões de  2  pequenas comunidades em Delta State, Opia e Ikenyan e mataram pelo menos 4 pessoas..."

" Encontrando-se com representantes da Comunidade Machiquenga, Famaa" falou-lhes da Resistência não violenta", e descreveu os  2  níveis da Shell" o que eles fazem na América do Sul, em África e na Ásia não se atrevem a fazer na América do Norte e na Europa" ( Project Underground).

" A BP providenciou treino militar de segurança através de uma empresa de mercenários britânica chamada Defense Systems Limited ( DSL )".

" Ele é uma das 70 pessoas que foram levadas das suas aldeias e forçadas a trabalhar, decidido pela TOTAL..." ( Karen Human Rights Group ).

4. Mas Angola vive envolta em um manto de silêncio...

Depois de todas estas dramáticas descrições sobre a forma como actuam, nos Países Menos Desenvolvidos, as empresas petrolíferas, aliando-se a regimes totalitários, gerando-os mesmo, corrompendo entidades e pessoas, impondo trabalhos forçados, participando em assassinatos, golpes de estado, violentando o Ambiente no Planeta,

Fica especialmente estranho que haja um tão grande silêncio em volta da participação destas mesmas empresas na degradação da Vida em Angola...

Aparentemente, Angola seria o Paraíso, só travado no crescimento económico e social por consequência da Guerra Civil e do mau comportamento dos Angolanos.

Assim, é necessário esperar pelo Relatório do Departamento de Estado dos EUA  da Energia, de 14 de Julho de  2 000,  para saber que, " Nos princípios de  2 000 muitos residentes de Futilla, aldeia perto do campo petrolífero de Malongo, informaram que adoeceram" em consequência da poluição provocada pelas actividade da Chevron que causou " séria poluição". Tal levou a que a Chevron anunciasse que aceitava  responsabilidade da poluição provocada e que pusera  70 pessoas a receber tratamento por envenenamento, segundo o acima citado Relatório.

Será, tal, possível?

Nem mesmo os relatórios da HRW e da Global Witness se referem  a actos concretos de violência e terrror, de violação dos Direitos Humanos, de degradação do Ambiente, de corrupção, concretamente prepertados pelas empresas petrolíferas em Angola.

Pelo contrário, podemos neles ler que a BP declara, enfaticamente, que " Nós mantemo-nos empenhados em agir responsavelmente e éticamente, (tal qual no texto original) refroçando as  2 vias de relações com as comunidades locais, com os clientes, os fornecedores, or parceiros, o governo e os empregados. Acreditamos que o nosso negócio deve ser tanto competitivo quanto um sucesso e uma força do Bem. ( Global W.).

Mas o petróleo representa em Angola em % do PNB,

Petróleo

1994

1995

1996

1997

1998

1999

GW

56,6%

55,8%

58%

48,5%

38,5%

47,7%

EIU

58,1%

56,0%

59,3%

48,5%

44,9%

 

E as Receitas estimadas do Governo, 1995/98, são,

Rendimento de impostos           1995           1996            1997           1998               

         Do Petróleo                     67%             89%           82%           75%   

         Sem Petróleo                  33%             11%           18%            25%

È, pois, visível que o petróleo tem um peso determinante na Economia Angolana...

Se verificarmos para onde se dirigem as Receitas do Estado em Angola,

 

1994

1995

1996

1997

Serviço Público Geral          

21,4%

19,2%

13,9%

17,7%

Defesa e Ordem Pública       

33,7%

31,4%

35,0%

36,3%

Educação

2,8%

5,1%

4,6%

4,9%

Saúde 

3,8%

5,7%

3,0%

3,1%

Começamos a interrogarmo-nos sobre se o sector petrolífero tem ou não responsabilidades na situação política, económica e social de Angola...

Entretanto, o Governo Angolano e o Fundo Monetário Internacional ao realizarem o Acordo estabelecido a  3  de Abril de  2 000 para a Reforma da Economia Angolana, acordaram também em monitorar os Rendimentos de petróleo do Governo, por forma a "estabelecer a transparência e a contabilização com o governo Angolano" dos mesmos, o que, segundo a HRWatch, " representa um passo"...

Tanta condescendência....Até porque, neste novo relatório da HRWatch, Peter Sutherland, gestor da BPAmoco diz," Nós não temos meios para assegurar que estes ( pagamentosd de bónus ) não sejam usados para ajudar a financiar os esforços de guerra do governo".

Mas as Nações Unidas souberam e mantêm esta política de Sanções à UNITA e esta pressão sobre o sector diamantífero Angolano.

Porque não sucede o mesmo com o sector petrolífero?

A Global Witness, apesar de tudo, põe um dedo na ferida em um comunicado de 24 de Maio de 2 000, na sequência de um meeting das companhias petrolíferas, realizado entre

24/26 de Maio de 2000, em Houston, USA, onde as mesmas planearam, " a futura massiva expansão da exploração de petróleo de Angola".

Segundo a Global Witness, " Passados  5  meses desde o relatório da GW, " A Crude Awakening" que não só documenta a corrupção em Angola, mas desafia a indústria petrolífera a tornar-se uma força para a transparência em Angola... é extremamente pertubador que neste meeting não haja tempo disponibilizado para discutir tal", tal qual declarou Simon Taylor dirigente desta ONG.            

Eis porque a GW mantém o desafio feito em 1 999 e reafirma que as empresas petrolíferas devem " reconhecer a sua especial obrigação em face do Povo Angolano e...publicar integralmente todos os pagamentos que fazem ao Governo Angolano". Simon Taylor diz mais, " As companhias petrolíferas necessitam reconhecer que se falham em fazer esta mudança, então a sua cumplicidade será confirmada...podia vir um bom exemplo da BPAmoco, TOTAL/ELF/FINA, e da EXXON, os operadores dos bloco0s Angolanos  31, 32 e 33, como um exemplo para os outros."

Mas não deixa de ser irónica toda esta delicadeza em face das mesmas empresas petrolíferas que, em outros países e em outros Continentes, as ONG não se coíbem de denominar de assassinas e de denunciar, com factos, a forma como elas procedem nesses locais.

Até porque esta delicadeza cai a nu em face das descrições sobre as condições económicas e sociais em que vivem os Angolanos, apesar do petróleo de Angola, feitas pelo departamento de Estado dos EUA, Bureau of democracy, Human Rights and labour, no documento sobre as práticas dos Direitos Humanos por Países, e na parte que se refere a Angola.

Vejamos, citando,

  • O produto anual bruto per capita foi a proximadamente de 450 Usdolares. A Riqueza do país continua concentrada nas mãos de uma pequena elite cujos membros usam as posições do governo para um enriquecimento pessoal massivo e a corrupçaõ continua a ser uma prática comum a todos os níveis....os salários urbanos ( aproximadamente 20% da força de trabalho ) está muito abaixo das necessidades de subsistência. Os salários rurais são ainda mais baixos..."

  • " Durante o ano, ( 99), o salário mínimo esteve perto dos 2,5 US dolares por mês... a maioria dos trabalhadores ganha menos de 20 US dolares mês...Nem o salário mímimo, nem o salário médio, que está estimado entre os 15 Usdolares por mês e os  200 US dolares por mês são suficientes para providenciarem um nível de vida decente para os trabalhadores e a sua família"

Anotemos que em face da parte mais elevada do salário médio, 200 Usdolares, estamos a falar de um valor que corresponde a  46% do salário mínimo nacional em Portugal e que a taxa de inflação em Angola em 1 999, foi de " 250% sobretudo em consequência da decisão do governo de imprimir moeda para financiar as suas expedições militares", ( tal qual refer o departamento de Estado da Energia dos EUA, a 14 de Julho de  2 000 ), ...e as petrolíferas, que têm o peso visto acima na economia nacional de Angola, nada podem fazer, nada têm a ver com a corrupção, em nada violam os Direitos Humanos...

Mas sabe-se que " Em 1 999, segundo as informações oficiais da banca internacional, cerca de 900 milhões de dólares de rendimentos petrolíferos não estão integrados nas Contas Angolanas"( também do relatório acima citado).

O problema é que este Relatórios todos, do departamento de Estado dos EUA, da GW, dos HRW, todo eles, fogem ao cerne do problema - a relação directa entre o totalitarismo dominante em Angola e a Miséria que envolve os Angolanos e o papel efectivo, inclusivé no desenrolar da Guerra Civil que grassa Angola, das petrolíferas em toda esta situação.

5. Não há Corruptores em Angola?

De facto, se as críticas são sérias e veementes em relação ao Governo/Mpla, não é feita uma qualquer referência ao papel do sector privado no crescimento no crescimento económico e social e no desenvolvimento em Angola.

Mas questionemos,

a)     As empresas petrolíferas em Angola não utilizam neste País empresas privadas de segurança para a protecção dos seus haveres, como fazem em todas as outras partes do Mundo. Que garantias dão estas empresas de segurança de defesa dos Direitos Humanos? Que formação têm para tal? Não existe um entrosamento entre estas empresas e as forças de segurança do Estado?

b)     As empresas petrolíferas em Angola criaram nas áreas onde desenvolvem a sua actividade em Angola algum valor acrescentado visível, económico e social?

c)     As empresas petreoliferas permitem em Angola a actividade sindical independente e não controlada pelo partido/estado?

d)     Houve até hoje e em face dos salários existentes em Angola alguma greve no sector petrolífero?

e)     Houve alguma empresa do sector petrolíefro que tenha contratado

      para cargos de direcção Angolanos da UNITA?

f)       Autorizou alguma empresa petrolífera que os seus campos tenham sido visitados por membros independentes de ONG'S independentes?

g)     Houve até ao momento algum controlo às contas das empresas petrolíferas, em especial às contas bancárias offshore, em especial depois das denúncias havidas e em face do sucedido na ELF, para se verificar em concreto como se desenvolvem os mecanismos de corrupção que o próprio departamento de Estado dos EUA denunciam, pois não existem corrompidos sem corruptores?

Porque, verdade seja dita, os Relatórios atrás citados, quando se trata de algo que não envolvam as empresas petrolíferas, denotam um afinamento ao pormenor da informação, citando casos e nomes de pessoas em inúmeras circunstâncias. Tal nunca sucede em face das petrolíferas...

Assim, mesmo no documento da Global Witness, no comunicado sintese do Relatório " A Crude Awakening",  quando se citam as empresas " A combinação da corrupção massiva, aliada à falta de transparência e contabilização feitas pelas petrolíferas tais como a francesa ELF, a britânica BP/Amoco  e a americana Chevron e Exxon/Mobil " e as pessoas possivelmente envolvidas, tais como, " o Presidente dos Santos, Elísio Figeuiredo, Fernando Miala, gen. Kopelipa, gen. José Maria, José Leitão, Desidèrio Costa...Pierre Falcone e António Mosquito Mbakassi", a verdade  é que tudo se mantém neste cinzentismo onde tudo  é possível.

Não há, pois, corruptores concretos em Angola. Não há pois violadores dos Direitos Humanos em Angola. Não há pois, violação generalizada do Ambiente em Angola.

 

Porque, não havendo, não há razão para o Direito à Resistência em Angola.

Não havendo, há razão para impôr  Sanções à UNITA e impedir, com as Sanções, que exista o necessário diálogo entre a UNITA e os Angolanos que querem Dialogar, que querem as Negociações, que querem a Paz, a Democracia e o Desenvolvimento.

Por isso se passeia já uma comissão de peritos, 4 e não 5, porque nem para tal houve unanimidade, nomeados pelo Conselho de Segurança da ONU, para analisar contas bancárias fantasmas provenientes de negócios com os Diamantes, mas ninguém analisa as contas da Corrupção proveniente dos Negócios Petrolíferos que todos, genéricamente, denunciam e ninguém, no concreto, penaliza.

Eis porque escreveremos a Sª Exia o Secretário Geral das Nações Unidas, a Sª Exia o Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, à União Africana, à Presidência da União Europeia, a Sª Exia o Presidente dos Estados Unidos, aos Candidatos às Presidenciais em curso nos EUA, para que ponham termo, às Sanções contra a UNITA, pois não pode continuar a haver uma política com dois pesos e duas medidas para Angola. Na verdade, esta política de Sanções contra a UNITA é a principal geradora desta Guerra Civil Angolana, Guerra Civil que tem, hoje, a Oposição da Imensa Maioria dos Angolanos.

 

Última actualização/Last update 15-05-2001