AS SANÇÕES CONTRA A UNITA SÃO UM CRIME E DEVEM FINDAR O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL...
(QUEM COMEÇOU A 3ª GUERRA CIVIL EM ANGOLA FOI O REGIME DE LUANDA, AFIRMAM OS 5 PERITOS DAS NAÇÕES UNIDAS! )

Entrevista dada pelo Presidente Dr. Jonas Savimbi à Voz da América

 

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PRESS RELEASE NR.01/UNITA/
C.P.C.P/2001

MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998

CARTA ABERTA AOS POVOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

Orlando Castro  Jornalista   

Pela Paz em Angola   

Se não for possível deixar às gerações vindouras,  nomeadamente às que têm no corpo e na alma a utopia  eterna da lusitaneidade, algum património, ao menos  lutemos para lhes deixar algo mais do que a expressão  exacta da nossa cobardia.   

Porque não há comparação entre o que se perde por  fracassar e o que se perde por não tentar, permito-me a  ousadia (que espero compartilhada por todos os que  responderam a esta chamada) de tentar o impossível já  que - reconheçamos - o possível fazemos nós todos os dias.   

Como jornalista, como angolano, como ser humano,  entendo que a situação angolana ultrapassa todos os  limites, mau grado a indiferença criminosa de quem, em  Angola ou no Mundo, nada faz para acabar com a morte  viva que caracteriza um povo que morre mesmo antes de  nascer.   

E morre todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. 

E  morre enquanto nós, aqui em Portugal, cantamos e rimos  (como no tempo anterior ao 25 de Abril). 

E morre enquanto  outros, em Luanda, comem lagosta. 

E morre enquanto  outros, no interior do território, dialogam pela voz dos  canhões.   

É que, quer o MPLA e a UNITA queiram ou não, na guerra de  Angola ninguém sairá vencedor. Todos perdem. Todos  perdemos.   Creio, aliás, que o próprio general João de Matos tem  consciência de que que a guerra não é uma solução para  o problema angolano, é antes um problema para a  solução. No caso da UNITA, tenho a certeza de que o  general Alcides Sakala (meu querido e velho amigo) tem a  mesma consciência.   Assim sendo, é pequeno o passo que é preciso dar para  que os angolanos, irmãos de sangue, deixem de falar pelos  canos das espingardas, deixem de transformar Angola  numa gigantesca vala comum onde, se tudo continuar na  mesma, acabaremos todos.   

Até agora, cada um ao seu estilo - mas ambos com o dedo  no gatilho, Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi teimam em  confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre  de obras. Teimam em esquecer que, afinal, num país onde  não há pão... todos matam e todos morrem sem razão.   E como se isso não fosse suficiente, os outros (sobretudo  Portugal) teimam também em confundir a estrada da Beira  com a beira da estrada, achando legítimo que uns matem  e outros morram, achando que uns são os bons e os outros  os maus, quando - reconheça-se - nesta guerra todos são  maus.   

Mais do que julgar e incriminar importa, nesta altura, parar.  Parar definitivamente. Não se trata de fazer um intervalo  para, no meio de palavras simpáticas e conciliadoras,  ganhar tempo para meter mais armas em Angola, ganhar  tempo para formar novos generais.   Angola tem generais a mais e angolanos a menos. 

Angola  tem minas que chegam para encher durante um século os  cemitérios. Angola tem feridas suficientes para ocupar os  médicos (que não tem) durante décadas.   Convém, por isso, que a guerra termine antes de morrer o  último angolano. Espero que disso se convençam João de  Matos e Alcides Sakala, dois dos angolanos, dois dos irmãos,  que entre cadáveres conhecem melhor a iniquidade de  uma luta que há muito deixou de ser de libertação para ser,  cada vez mais, de destruição.   MPLA e UNITA, Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, têm de  se convencer que já não há lugar para a tese «de derrota  em derrota, até à vitória final». 

O que em Angola se passa  só pode ser definido como «de derrota em derrota até à  derrota final».   Alguém ganha quando mata um irmão?   Alguém ganha quando um país tem filhos que nasceram no  meio de tiros, cresceram no meio de tiros, tiveram filhos no  meio de tiros e morreram no meio de tiros?   

Mais do que julgar e incriminar, Angola precisa de paz. Isto  porque, como a História provará, a haver julgamento todos  seriamos réus, todos seriamos incriminados. Todos, desde  Eduardo dos Santos a Jonas Savimbi, desde João de Matos  a Alcides Sakala.   Portugal pode, Portugal deve, Portugal tem a obrigação de  ajudar os angolanos a encontrar uma solução. Portugal  pode, nesta matéria, encontar um imperativo nacional para  voltar a sentar à mesma mesa os responsáveis angolanos.   Dir-me-ão que, se calhar, é tarefa impossível. Mas é tornar  possível o impossível que fez Portugal dar luz ao mundo. E o  que falhou ontem não tem, necessariamente, de falhar  hoje. E não tem porque os beligerantes aprenderam  (embora tarde, muito tarde) que é chegada a altura de  aproveitarem a que poderá ser a última oportunidade.   

Creio que a UNITA está à espera que lhe estendam a mão.  

Creio que o MPLA está à espera que alguém lhe diga para  estender a mão. Não creio, antes tenho a certeza, de que  Angola está à espera que as mãos se apertem.   

Portugal está à espera do quê para, mais uma vez, dar luz  ao mundo?   

Muito obrigado, pela paz em Angola.    -------------------------------------------------------------------  

Orlando Castro - Jornalista (Coordenador da Secção de Economia)  Jornal de Notícias  Telemóvel 919450925 http://www.jnoticias.pt  
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Última actualização/Last update 12-11-2000