AS SANÇÕES CONTRA A UNITA SÃO UM CRIME E DEVEM FINDAR O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL...
(QUEM COMEÇOU A 3ª GUERRA CIVIL EM ANGOLA FOI O REGIME DE LUANDA, AFIRMAM OS 5 PERITOS DAS NAÇÕES UNIDAS! )

Entrevista dada pelo Presidente Dr. Jonas Savimbi à Voz da América

 

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PRESS RELEASE NR.01/UNITA/
C.P.C.P/2001

MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998

CARTA ABERTA AOS POVOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

EDITORIAL

Este texto é o Editorial da Newsletter da Comissão de Justiça, Paz e Reconciliação em Angola

Justiça, Paz e Reconciliação

Hoje qualquer dos três valores acima indicados, os de Justiça, a Paz ou a Reconciliação Nacional, são inexistentes em Angola, independentemente do local, viva-se no litoral ou no interior do país, na cidade ou no campo. Continuam a ser realidades ausentes, negadas, sendo que muitos angolanos nunca souberam o que significa viver com tranquilidade e perante a igualdade de oportunidades, outros esqueceram já. Mas não se pode dizer que o colectivo não sonhe, mesmo que de olhos abertos, com a vida sem medo, com um amanhã tranquilo.

Democracia e Liberdade, tão caras a nós angolanos, acontecerão apenas depois de reencontradas a Paz, a Justiça e realizados alguns passos em direcção à Reconciliação.

Foi com enorme sentido de responsabilidade que a Direcção da UNITA tomou a decisão de  mandatar  a Comissão de Justiça, Paz e Reconciliação em Angola. Fê-lo numa altura em que não existia, e continua a não existir, diálogo entre as partes. Fê-lo apôs se terem gasto 12 meses de apostas em “soluções militares” por parte de Eduardo dos Santos e apôs Luanda ter anunciado vitórias militares totais, que na realidade nada trouxeram de diferente aos cenários de insegurança, de guerra em todo o país, de miséria e sofrimento. Antes pelo contrário, estas vitórias, anunciadas aos quatro cantos com o apoio de firmas de markting e imagem, coincidiram com o crescente degradar dos direitos e garantias mínimas dos cidadãos. Que o digam os jornalistas, os deputados da UNITA (5 presos; 3 assassinados), alguns partidos políticos que viram surgir alas renovadoras cujos líderes foram rápidamente nomeados conselheiros especiais de Eduardo dos Santos, passando a protegidos do “regime”. Não é com uma caricatura de democracia que os angolanos poderão ver realizado o seu sonho.

A Direcção da UNITA está a oferecer a oportunidade de fazer ouvir a sua voz, lá onde se diz pretender defender os valores universais e de onde nunca será possível encontrar soluções em base da exclusão de protagonistas. A paz não se fará sem mas sim com. Por outro lado, a paz faz-se entre adversários que tenham a inteligência e a capacidade de manter canais abertos. A decisão da Direcção da UNITA foi corajosa, como o prova a dificuldade de Luanda em perceber que a via militar nunca será  solução para a resolução de problemas políticos, ou como solução para as gravíssimas disfunções do tecido socío-económico de Angola.

Leve o tempo que levar, aquele será o único caminho a fazer e não se deveria sacrificar mais vidas e tanto sofrimento. Até lá, os quadros continuarão a ver o profissionalismo e a competência preteridos pela confiança política, com prémios de “bom comportamento”, com os “envelopes” a garantir a dependência e a fidelidade ao Partido Único. Dizia-me há dias um ilustre prelado angolano: “Com a ausência da UNITA, vivemos de novo o partido único ao poder, pior do que nos piores tempos de que há memória”!

Entretanto é o petrólio o verdadeiro instrumento estratégico definidor da política externa do governo, à volta do qual se estabelecem apoios e alianças, conveniências e conivências externas. Quem pretender subscrever contratos de exploração petrolífera, comece por condenar a UNITA no país de bandeira. O mesmo petrólio, resulta para o cidadão comum uma miragem por efeito da carestia da vida, chegando um depósito de combustível a ser superior ao salário mensal de um quadro médio. Este bem, tão caro aos angolanos, tem sido usado à exaustão na mobilização de apoios contra os adversários, dificultando a reconciliação interna.

Múltiplas vozes avalizadas, do interior da sociedade angolana têm clamado pelo reactar da diálogo, como forma de parar com a guerra. Entre estas destacamos os POC – Partidos de Oposição Civil, as Igrejas e Associações Cívicas. No exterior as intervenções de Nelson Mandela, de Mário Soares e de João Soares, tiveram todos como resposta os insultos do regime, numa clara intenção de demover quaisquer futuras intervenções nesta direcção.

A política de sanções adoptada pelas Nações Unidas contra a UNITA, deram provas bastantes de serem um gravíssimo impedimento à Reconciliação da família angolana. O governo aponta as sanções para recusar o diálogo. Os mediadores continuam a dar mostras de colocarem os seus interesses antes da paz.

A Comunidade das Nações tem permitido o uso e abuso do seu emblema para tentativas de destruição de um partido político, para sustentar claramente um regime, perante o qual as Nações Unidas têm utilizado de uma extrema miopia e uma permissividade escândalosa: vejamos as intervenções das forças de Eduardo dos Santos na República do Congo e no ex-Zaire, quando estavam sob alçada da fiscalização da ONU, em violação total ao Protocolo de Lusaka. As consequências foram umas meras declarações de circunstância, esquecidas no tempo. As forças ainda lá estão, nenhuma penalização foi decidida. Pior: o coronel das Nações Unidas, cmdt das forças ONU na região norte de Angola, que teve a coragem de apontar graves violações das FAA contra populações e ONG’s, provocando grandes movimentos de massas (por hábito apontados à UNITA), foi expulso de Angola, perante o silêncio de toda a estrutura das Nações Unidas. Perante tal circunstância, pergunta-se, afinal qual era o mandato da ONU?

Será que as Nações Unidas chegarão ao ponto de pretender tutelar o direito à opinião e à livre expressão? Assim parece, pelas desiquilibradas solicitações do relatório de Robert Fowler. Se a ONU não toma cuidado, ao “carnaval” como titulou um semanário de Lisboa em referência à última reunião do conselho de segurança sobre Angola, pode suceder-se o aplauso a uma ditadura, com o consequente apadrinhamento de violações dos mais elementares direitos do homem, naquilo que surge sempre cada vez mais como uma sanha, em defesa do mercado.

Entretanto, os angolanos reunidos no interesse nacional vão percebendo cada vez melhor, que a promoção dos ódios e das divisões em nada lhes tem servido e que dependerá deles a condição de serem criadas condições para um debate interno, sobre as causas deste já longo conflito. Identificadas aquelas, poderão-se-ão encontrar as soluções.

Paz, Justiça e Reconciliação, precisam-se para Angola. Dependem de ti, daquele, do outro, …, de todos.

Adalberto da Costa Júnior

Última actualização/Last update 12-11-2000