Home Up

PRESS RELEASE NR.01/UNITA/
C.P.C.P/2001

MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998

CARTA ABERTA AOS POVOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

FRENTE NACIONAL DE LIBETAÇÃO DE ANGOLA

-F. N. L. A.-

SECRETARIADO GERAL

(DEPARTAMENTO DE INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA)

 

ALVARO HOLDEN ROBERTO, O PAI DO NACIONALISMO ANGOLANO

Álvaro Holden Roberto, nasceu em Mbanza-Congo, ex-São Salvador, província do Zaire, aos 12 de Janeiro de 1923. É filho de Garcia Diasiwa Roberto e de Joana Lala Nekaka. Álvaro Holden Roberto fez os  seus estudos primários e secundários em Léopoldville, e é cristão baptizado pela Igreja Baptista (BMS).

No quadro da sua formação política, Álvaro Holden Roberto frequentou tanto em Léopoldville como no Ghana vários Cursos de Ciências Políticas, incluindo um estágio político-diplomático na Representação Diplomática da República da Guiné Conacry nas Nações Unidas, em Nova York, de 1959 a 1960.

Para melhor compreender a trajectória política de Álvaro Holden Roberto, deve-se recuar no tempo e no espaço. Com efeito, ele é neto de MIGUEL NEKAKA (pai de sua mãe), um dos primeiros evangelistas angolanos, baptizado em 23 de Maio de 1889, e que traduziu partes significativas da Bíblia para o Kikongo e compôs numerosos hinos protestantes. Miguel Nekaka era antes de tudo um patriota, que defendia os interesses dos seus compatriotas, o que lhe valeu a hostilidade, a prisão e torturas por parte das autoridades coloniais portuguesas, mas graças a sua clarividência e resistência, conquistou o respeito e a estima do povo e dos missionários britânicos e  doutros instalados nas actuais províncias do Uige e Zaire.

Miguel Nekaka, que desempenhou um papel fundamental nos preparativos da Revolta contra o poder colonial português liderada por TULANTE BUTA, em 1914, foi traído pelas autoridades coloniais portuguesas que solicitaram o seu apoio para pôr fim a revolta dos patriotas angolanos. Essa nota negra na vida de Miguel Nekaka, que faleceu em 1944, suscitou nele um forte sentimento de revolta, o que o levou a fazer o seguinte juramento: UM DOS MEUS DESCENDENTES ME VINGARÁ !

Esse descendente mencionado no juramento de Miguel Nekaka, é ÁLVARO HOLDEN ROBERTO, filho mais velho de sua filha JOANA LALA NEKAKA. Estava assim traçado o destino político de Álvaro Holden Roberto, que conjuntamente com seu tio materno, MANUEL SIDNEY BARROS NEKAKA, um dos filhos de Miguel Nekaka, iniciou no princípio dos anos 50 a formação e estruturação de um Partido Político verdadeiramente nacionalista.

Assim, nasceu, em 14 de Julho de 1954, simultaneamente em Matadi, cidade portuária congolesa, e em Léopoldville, a UNIÃO DOS POVOS DO NORTE DE ANGOLA- UPNA- progenitora da histórica e gloriosa UNIÃO DAS POPULAÇÕES DE ANGOLA (UPA).

Convém sublinhar, que a UPNA teve uma existência efémera, porquanto logo a seguir surgiu a UPA, um Partido Político, nacionalista, devidamente estruturado e organizado. O primeiro Presidente da UPA foi Álvaro Holden Roberto.

Álvaro Holden Roberto é, pois, o herdeiro político tanto do seu avó, Miguel Nekaka, como do seu tio e mentor, Manuel Sidney Barros Nekaka. Estes dois ascendentes exerceram uma grande influência sobre Álvaro Holden Roberto. Do avô ele herdou a dignidade e a perseverança; do tio a paciência, o tacto diplomático, o gosto pelas línguas e a eloquência.

Com efeito, Manuel Sidney  Barros Nekaka falava fluentemente português, francês e inglês. Álvaro Holden Roberto também fala e escreve correctamente  português, francês e inglês.

De 5 a 13 de Dezembro de 1958, Álvaro Holden Roberto assiste à primeira Conferência dos Povos Africanos, que se realiza em Accra, capital da jovem República do Ghana, na qualidade de Embaixador Plenipotenciário da União das Populações de Angola -UPA-. Pela primeira vez, na voz de um nacionalista angolano, África e o resto mundo ouvem falar de liberdade e independência para Angola. Regressado à Léopoldville, em 1960, Álvaro Holden Roberto é eleito, por unanimidade, Presidente da UPA. Um ano depois, mais exactamente em 15 de Março de 1961, a UPA sob a dinâmica liderança de Álvaro Holden Roberto, inicia a luta armada de libertação nacional.

Em 27 de Março de 1962, é formada a FRENTE NACIONAL DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (FNLA), resultado da fusão entre a UPA e o PDA (Partido Democrático Angolano). A presidência da FNLA é assumida por Álvaro Holden Roberto, tendo sido reeleito pelo primeiro Congresso (em 1976), pela Conferência Nacional (em 1992, em Luanda) e finalmente pelo II Congresso da Unidade e da Esperança, realizado de 15 a 18 de Maio de 2000, em Luanda.

No quadro do combate pela Paz e a realização da Reconciliação Nacional, Álvaro Holden Roberto endereçou de Paris, em 4 de Dezembro de 1987, durante o seu exílio, ao Presidente José Eduardo dos Santos e ao Líder da Unita, Jonas Malheiro Savimbi uma carta que se tornou celebre e histórica, porquanto ela serviu de base para a elaboração do primeiro Plano de Paz para Angola elaborado por um Líder angolano.

Esse Plano de Paz foi divulgado em Janeiro de 1990, em Paris, durante uma conferência de imprensa. Foi precisamente esse Plano de Paz, que serviu de base para elaboração dos Acordos de Bicesse, cujas cópias foram enviadas ao Presidente José Eduardo dos Santos, ao Líder da Unita, Jonas Malheiro Savimbi, aos Governos de Portugal, Estados Unidos e da ex-União Soviética.

Desde então, Álvaro Holden Roberto tem-se destacado no combate pela Paz e pela realização da Reconciliação Nacional, preconizando a via do diálogo nacional para a solução do imbróglio angolano. É precisamente esta postura nacionalista e patriótica que tem irritado sobremaneira tanto o Presidente José Eduardo dos Santos como o seu Partido, o MPLA, e evidentemente, os seus aliados conjunturais.

Presentemente, Álvaro Holden Roberto está a finalizar a redacção das suas Memórias, que todos esperam que sejam um valioso contributo à História Moderna de Angola.

DEPARTAMENTO DE INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA DO SG/FNLA, em Luanda, aos 24 de Abril de 2001

 

O SECRETÁRIO GERAL

NGOLA KABANGU

 

Intervenção de Holden Roberto 
II Congresso FNLA FRENTE NACIONAL DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA F.N.L.A. 

ABERTURA DO CONGRESSO DISCURSO DO IRMÃO ÁLVARO HOLDEN ROBERTO PRESIDENTE DA FNLA NO CINE SÃO PAULO (15.05.00) 

"É com bastante satisfação que procedo à abertura deste Congresso ordinário da FNLA que representa um evento importante na vida do Partido e do Povo Angolano. Desejo boas vindas aos distintos convidados, militantes, simpatizantes e amigos da FNLA que nos honram com a sua presença. Se, como se vai confirmando, a democracia é a única opção política com direito de cidade na maior parte dos países do mundo, então, aqui estamos para nos submetermos ao pleito da democracia. 

Infelizmente, apesar das garantias de democratização em Angola, continuamos a viver a violação sistemática dos direitos do homem, o atentado permanente contra as liberdades elementares de todo o indivíduo, a exclusão, o racismo latente e a manipulação da informação. 

Esse cenário é coroado por uma falsa angolanidade, que nunca enganou os angolanos, e que caracteriza o poder actual, com slogans tais como "Angola no coração", por causa do petróleo e dos diamantes; e "com o MPLA o futuro é certo", quando os angolanos comem nos contentores de lixo e quando todo um povo está sendo transformado em magotes de mutilados e inválidos. 

Há um princípio democrático universalmente reconhecido, nos países civilizados, democráticos e de direito, segundo o qual ninguém tem o direito de pretender representar, duma maneira válida e legítima, um povo se este não o permitiu por uma maioria de votos - digo bem maioria de votos -. Ora, na mesma ordem de ideias, o Senhor José Eduardo dos Santos terá um mandato específico, que lhe foi atribuído pelo povo angolano através de um sufrágio universal, ou exerce um poder que repousa numa manobra maquiavélica e grosseira de prorrogações ? Se tal é o caso, ele é um Presidente de facto e não de "jure", um Presidente em exercício, sem legitimidade nenhuma. Assim sendo, ele não pode, em nenhum caso, engajar o país em aventuras militares exteriores, como no Congo Kinshasa e no Congo Brazzaville, onde continuam a morrer dignos filhos de Angola. Exigimos o seu regresso imediato. Mais, ele não deve arrogar-se à liberdade de tomar decisões que vão além das suas prerrogativas. É tão ilegal quanto a sua prática de reconhecer e empossar indivíduos fantoches sob siglas de partidos legalmente existentes. Tudo isso acontece de forma selvática, porque prevalece o direito da força em estado de guerra. Faz-se guerra para fazer valer, como lei, as vontades pessoais dos senhores da guerra, que continuam a ceifar os angolanos. 

Caros Compatriotas, Amigos e Simpatizantes Pergunto-me, assim, como vos interrogo, onde está a nossa humanidade quando assistimos ao extermínio da maioria dos jovens angolanos e a destruição de Angola, devido à insensibilidade e a falta de patriotismo dos senhores da guerra angolana nomeadamente os Senhores José Eduado dos Santos e Jonas Savimbi ? Como conseguirmos dormir em paz, vendo milhares de jovens impiedosamente recrutados, por todo o país, para ir matar, fazer-se matar e engrossar as fileiras de mutilados abandonados ? Todo esse esforço visa apenas salvar um poder em putrefacção e ambição desumana de um homem que se arroga como o Chefe Supremo das vidas e da vontade de todos os angolanos. 

Devemos defender o nosso direito à vida, pronunciando-nos livremente em favor de quanto nos pareça conforme o interesse do Povo Angolano e os valores fundamentais e universais da nossa época. 

Devemos todos condenar o uso da força como meio de resolver os nossos problemas políticos. 

Devemos exigir o diálogo para se chegar a acordos que garantam os nossos interesses mútuos, de maneira civilizada. 

Todos juntos devemos actuar no sentido de solucionarmos pela via do diálogo, o drama angolano, evitando a destruição do país por aqueles que apostaram no desmantelamento do nosso património comum, da nossa identidade e sobretudo das nossas vidas. 

Caros Compatriotas, Amigos e Simpatizantes Aquando do encontro da SADC nas Ilhas Maurícias, devido ao desconhecimento concreto do problema angolano, o MPLA, a toque de batuques, levou o assunto aos países membros da SADC, e essa organização regional apoiou as teses do MPLA, considerando Jonas Savimbi, como "criminoso de guerra". A imprensa estatal sobretudo fez muita divulgação sobre essa posição". Agora que a SADC tomou consciência da verdadeira realidade angolana, na voz do Presidente de Moçambique e da SADC, Senhor Joaquim Chissano, tomou-se a iniciativa de convocar um encontro, aconselhando o diálogo, para a solução do problema de Angola. Entretanto, como consequência desta posição, o MPLA já acha que o assunto é dos angolanos e já não tem nada a ver com a SADC. Como interpretar este paradoxo ?! Distintos Convidados Caros Compatriotas, Amigos e Simpatizantes Vivemos um momento envolvente e decisivo da nossa história. 

Daqui a poucos meses vai terminar a 2ª- legislatura. É preciso portanto, dizer que os próximos meses irão consideravelmente influenciar a vida do nosso país para todos os anos futuros. Temos que estar conscientes disso, para que saibamos nos colocar à altura das nossas responsabilidades e dos nossos deveres e direitos . 

Desde a tomada do poder pela força e com a ajuda de Cuba e da ex-União Soviética, o MPLA reintroduziu em Angola o absurdo e o complexo do neo-colonialismo-marxizado, para dominar, oprimir e explorar os angolanos por ideologia do poder ou utopias totalitárias. 

O Povo Angolano deve saber que não é a doutrina do MPLA que pode moldar o homem angolano. Pelo contrário, o MPLA transforma o homem angolano em fiel servidor, escravo zeloso e reaccionário. 

Com efeito, a escola do MPLA afasta o angolano do seu povo, dotando-o duma mentalidade alienada e personalidade oficial, confeccionadas segundo a vontade dos mentores. Mas, quanto mais se é elevado na hierarquia do MPLA, mais o indivíduo se afasta, tornando-se estrangeiro a esse povo. Deste modo é preciso limpar e sanear as mentalidades retrógradas existentes, instaurar novos hábitos e reintroduzir na vida dos angolanos, a opção ancestral do humanismo. 

É preciso purificar os costumes e criar uma moral cristã e democrática no seio do povo e a todos os escalões da esfera dirigente para acabar com todos os flagelos que causam a guerra. 

Tratam-se sobretudo, das injustiças sociais, de atitudes neo-coloniais e do uso da mentira como métodos privilegiados de governação. 

A ausência de separação de poderes, reforça o poder da ditadura pessoal que, por sua vez, destrói a identidade angolana. 

Vamos agora abordar um capítulo importante na vida nacional. Trata-se da juventude que se deve caracterizar pelo sentido de um engajamento virado para uma acção criadora. Engajamento e criatividade que são apanágios da juventude. A partir de Novembro de 1975, com a independência do país, o entusiasmo e os instintos dos jovens são utilizados pelo MPLA para fins macabros, como a guerra, a divisão, o ódio e a corrupção, e falsas promessas. 

A FNLA deve trabalhar para fazer da juventude, a seiva que vivifica a sociedade angolana, que torna dinâmica e subentende o progresso e o desenvolvimento. Mas para que a juventude se torne o braço forte, fiel e preparado para a mudança, é preciso ir beber às fontes e dimensões da nova moral. Ela precisa de enquadramento e um quadro de expressão apropriados e particulares. Daí a urgência de estruturar a juventude no seio da FNLA enquanto corpo especializado. 

Lanço aqui um veemente apelo a toda a Juventude Angolana para que siga de perto as mudanças que se operam em vários países do nosso continente onde a cultura da violência e as violações dos direitos humanos, etc, dão lugar à cultura da paz, à democracia e aos valores adjacentes. 

A mulher angolana mãe sofredora merece especial atenção. A sua formação deve também, e sobretudo, ser assegurada para que ela assuma plenamente a sua responsabilidade de educadora. Educar um homem é educar uma família, enquanto que educar uma mulher é educar uma nação. A mulher angolana tomou parte incomensurável na história e na luta de libertação do nosso país. Por direito conquistado, as mulheres devem ter maior presença e mais responsabilidades no seio dos partidos políticos e em todos os órgãos públicos de decisão. 

A 3ª- idade também deve beneficiar do reconhecimento de todo o povo angolano, para que deixe de ser a classe dos esquecidos, proporcionando-lhes condições merecidas e condignas de aposentamento. 

Por sua vez, é importante que a educação, como principal recurso de um povo para a sua prosperidade e desenvolvimento, seja despartidarizada. Porque, em Angola, a educação é partidarizada e transformada em simples slogan ao invés de ser um objectivo nacional. Como disse um célebre filósofo : "Não há maior riqueza do que o homem". Por isso, o direito à educação deve ser garantido a todos os cidadãos angolanos, grandes ou pequenos, ricos ou pobres. 

Em 25 anos de poder do MPLA e 20 anos do Senhor José Eduardo dos Santos, Angola conseguiu situar-se, apesar das suas imensas riquezas, entre os países mais pobres e atrasados do mundo. O regime do Senhor José Eduardo dos Santos conseguiu, e lhe reconheçamos o valor, transformar Angola num bantustão de impunidades, corrupção e desumanização das populações e de guerras intermináveis. Entretanto, o petróleo e os diamantes, principais fontes de receitas do país, estão completamente hipotecados por um longo período em troca de dinheiro de que o regime actual se serve para compra de armas, outras actividades ocultas que continuam a servir os seus fins pessoais e inconfessáveis e para satisfazer uma clientela cada vez mais voraz, numerosa e cúpida. 

Um dos pais fundadores dos Estados Unidos da América declarou uma vez : Quando um regime não foi capaz de oferecer nada ao povo durante 5 anos, nada mais se pode esperar dele. É assim que no caso de Angola, já não se pode esperar nada de um regime que já fez vinte e cinco anos sem realização nenhuma, excepto as manipulações de toda espécie, o genocídio do povo angolano e a corrupção. 

Caros Compatriotas, Militantes, Simpatizantes e Amigos da FNLA Depois de ter lançado o apelo para a reunificação da grande família da FNLA, também chamamos a atenção dos nossos irmãos da verdadeira oposição para uma concertação na base dos objectivos comuns. No que concerne o Partido, muito se ouviu dizer contra a Direcção que cessa neste Congresso. Muitas vezes é acusada e de forma injusta, de apática. Sem procurar nada justificar é preciso entretanto recordar a todos que em 1975, nós integramos o Governo de Transição encabeçado por Portugal. Todo o mundo sabe qual foi o fim. 

Gostaria de dizer também que contrariamente ao que se diz, a guerra de 1975 não esteve nunca nos nossos planos, porque nós nos tínhamos preparado para combater o colonialismo e participar na instauração de um Governo Democrático através de eleições que foram minadas em Alvor. É assim que aceitamos associar os outros partidos irmãos na discussão dos Acordos de Alvor que nós tínhamos elaborado. Nunca foi nossa intenção de tomar o poder pelas armas e subjugar os outros. 

Em 1979, a FNLA e ¾ da sua Direcção foram expulsas da ex-República do Zaire (RDC), em prosseguimento da política urdida por certas forças obscuras, sobretudo exteriores, as quais não tendo conseguido vergar a vanguarda da luta de libertação nacional, insistiam em aniquilar a FNLA. 

Entre 1979 e 1991, estávamos numa situação difícil a ponto de sermos excluidos dos Acordos de Bicesse, quando foi a FNLA que elaborou o Projecto dos referidos acordos. Mas embora forçosamente exilada na Europa, a Direcção da FNLA continuou a trabalhar apesar da obrigação de reserva, mantendo contactos permanentes com as nossas bases sociais do interior de Angola, relegadas à clandestinidade. 

Permitam-me dizer que durante 15 anos, o Partido foi perseguido, ameaçado de destruição, mas não morreu, porque afinal um ideal não morre. Foram várias as tentativas de criar alas fantoches dentro do Partido FNLA; Dirigentes Políticos e Militares, Quadros e Militantes do nosso Partido foram perseguidos, mortos e comprados, dentro e fora das nossas fronteiras. Os recentes acontecimentos no seio da FNLA não constituem novidade. É nesta lógica de perseguição, intimidação e tentativa de compra de consciência que os irmãos Ngola Kabangu e o malogrado Comandante Manuel Bernardo foram presos durante 6 meses em Kinshasa e ameaçados de extradição para Angola, por se terem recusado servir interesses adversos ao Partido. 

Ao regressarmos à Luanda em 1991, fomos obrigados a recomeçar a organização de todas as estruturas de base. Mas estavamos numa situação de guerra que não permitiu a nenhum Partido da Oposição Civil desenvolver um trabalho mínimo, mesmo na província de Luanda. 

De 1992 até hoje não funcionamos como se devia porque a guerra é ainda usada como meio de impedir e inviabilizar o trabalho dos Partidos da Oposição. Exigir portanto que a FNLA tivesse feito mais do que fez, é justificável, mas é ignorar a realidade política e conjuntural da Angola actual. Por exemplo há três anos que a FNLA não recebe o subsídio a que tem direito. Todos os Partidos com assento no Parlamento recebem o financiamento definido por uma lei votada pela Assembleia Nacional. Enquanto os estrangeiros recuperam as suas instalações, muitas vezes metendo cidadãos angolanos na rua, com a cumplicidade da Polícia, o regime no poder em Angola, recusa devolver os nossos edifícios, entre os quais as actuais instalações do MINARS, Jornal de Angola, Prédio Sujo do Marçal, na Rua Senado da Câmara, etc. Caros Compatriotas, Militantes, Simpatizantes e Amigos da FNLA A FNLA mete medo ao poder e outras forças do mal - internas e externas - que tudo fazem para nos meterem de joelhos ou enfraquecer através de intrigas, corrupção, sonegação, compra de consciências, ameaças veladas, etc. 

Quero portanto lembrar a todos que a FNLA não está a venda e consequentemente, não há lugar para os corruptos e impostores que se vendem por trinta moedas. A FNLA é um Partido em missão Nacionalista, Independente e com uma visão humanista e democrática. Quando o espírito de missão é partilhado, ele pode transportar montanhas. 

Não lutamos contra o colonialismo, para nos submetermos a qualquer ideologia e a quem quer que seja. Encabeçamos a luta de libertação nacional que levou Angola à independência em 11 de Novembro de 1975. Este reencontro traz-me à memória, um facto extremamente importante e significativo para a vida de todos os militantes da FNLA. O MPLA na sua política mentirosa, tribalista e de divisionismo étnico, chegou a tratar-nos de canibais. Com efeito, o General cubano Moracén, chegou a dar cursos nos bairros da Samba e Prenda, a militantes do MPLA para que cozinhassem carne humana e para que, preparassem vísceras humanas com batatas e outros ingredientes e introduzissem seus pratos diabólicos nas Delegações e em casas de membros e dirigentes da FNLA. 

Seria a hora do MPLA pedir perdão, se houvesse consciência no seu seio. Hoje, antigos dirigentes da FNLA integrados no MPLA como Hendrick Vaal Neto e outros talvez estejam a dar cursos de canibalismo aos dirigentes do MPLA, é uma vergonha!. A mesma máquina de propaganda continua a torcer factos, e inventar tragédias, incriminando Jonas Savimbi pelos seus crimes e pelos crimes de Futungo de Belas. Eu próprio, fui acusado de ter recebido 4 ou 5 milhões de dólares do Senhor Jonas Savimbi, em troca do Batalhão Búfalo, estacionado na África do Sul. E há bem pouco tempo, de ter negociado - não sei a que propósito - com os ex-Generais do Presidente Mobutu na Bélgica. É sabido por todos nós que este tipo de propaganda é fabricado sob a direcção do Gabinete de Acção Psicológica e de mentiras do Futungo de Belas. Como os mais atentos sabem, os ex-Generais de Mobutu, encontram-se refugiados na África do Sul e sem permissão de entrada na Bélgica nem em França. Eu não vou a África do Sul desde 1992. Por conseguinte, estes informadores e propagandistas mediocres, ou estão totalmente loucos ou desorientados no afã de servir desesperadamente o ciclo de mentiras do poder despótico actual. 

Quero por isso felicitar todos Militantes, Quadros, Simpatizantes e Amigos da FNLA, que apesar de perseguidos, caçados e martirizados, conseguiram manter a chama da FNLA acesa, para que este evento tivesse hoje lugar. É uma grande e inegualável prova de coragem militante, apesar de todo o tipo de adversidades que lhes foram impostas. 

Esperamos deste Congresso sem equívocos e duma maneira responsável, a reafirmação das nossas opções e dos nossos objectivos comuns para uma acção concertada; o que eu chamaria, em comparação com o Contrato Social de Jacques Rousseau, um Contrato Político. Esta opção deve ser subscrita com pleno conhecimento de causa por todos os participantes que se devem reunir em volta de um ideal comum, para que sejam definidos os direitos e os deveres de cada um, da base ao topo no seio do Partido. 

Se conseguirmos tirar lição dos erros e não voltarmos a cometê-los novamente, então esses anos penosos de lágrimas e torturas morais, não foram para nós, tempo perdido. Felizmente, a FNLA, alcançou uma maturidade inegável e aparece na história do nosso país como um fenómeno de resistência, graças a Deus, Aleluia, Aleluia. Não insistirei demasiado para dizer-vos que o ponto forte da nossa mensagem é o apelo que lanço aos angolanos para que juntos trabalhemos a favor da unidade, da paz e da mudança no país, custe o que custar visto que a nossa sobrevivência está a este preço. Não temos o direito de permanecer indeferentes, enquanto o nosso património e sobretudo o direito à vida estão sendo destruidos. A história e as gerações futuras não no-lo perdoarão. 

Desnecessário é dizer que os países que apadrinharam os vários acordos assinados têm interesses económicos e políticos importantes. Perguntamo-nos como é que estes países, que foram sempre os maiores instigadores da guerra em Angola, que inundaram com armas, mercadorias, dinheiro e tudo que foi necessário para alimentar a carnificina, poderiam desejar sinceramente uma coexistência pacífica entre os Angolanos ? O Povo Angolano, que foi sempre excluído das negociações de paz no seu próprio país é com efeito, o único que sofre as consequências da guerra. 

O regime ditatorial do MPLA que recorre à corrupção à todo azimute, para manter-se no poder, afirma ter a legitimidade de prosseguir a guerra até ao "aniquilamento" da UNITA, matando muito mais civis indefesos que soldados da UNITA. Saudamos calorosamente e com o devido respeito a criação do Comité Inter-Ecclesial para a Paz em Angola. Queira Deus que essa importante iniciativa contribua na busca da Paz, visto que ao defender a Paz, a Igreja cumpre a função própria de Cristo, vindo para restabelecer a vida, caída nas mãos do Homicida. 

Aproveitamos a ocasião para de igual modo reafirmarmos que a FNLA não teme as eleições a partir do momento em que elas se realizem em clima de paz, transparência, serenidade. Longe de todo espírito de recuperação política, malabarismos e fraudes, para urdir maiorias falsas, como em 1992, com a cumplicidade de certos países ocidentais bem conhecidos. A FNLA reitera nesta sala que a aprovação da Constituição, só deverá ter legitimidade, se for feita por uma Assembleia Constituinte democráticamente eleita. Por esta razão repudiamos com veemência as tentativas manipuladoras do MPLA que incrementa a guerra ao mesmo tempo que leva a cabo o processo da revisão constitucional para servir os seus interesses inconfessáveis em detrimento dos angolanos. 

Há uma série de condições prévias e inevitáveis a cumprir para se realizarem eleições justas, honestas. Só assim poderemos inaugurar uma nova época Democrática, de Paz, Conciliação e Reconciliação Nacionais, Progresso Social, respeito pelos Direitos Humanos e de Justiça Social em Angola:

  1. Cessar-fogo imediato e restabelecimento das negociações de paz entre os senhores da guerra, o Senhor Presidente José Eduardo dos Santos e o Senhor Jonas Savimbi, Presidente da UNITA com a mediação interna. 

  2. Realização de um Censo Populacional. 

  3. Estabilização social e económica do País com restabelecimento das infraestruturas. 

  4. Cessação da parte do poder, de ingerência vergonhosa e abjecta nos assuntos internos dos Partidos Políticos da Oposição, com o intuito de desestabilizá-los através da corrupção. 

  5. Criação de uma Comissão Eleitoral Independente 

  6. Revisão da Lei e do Código Eleitoral. 

  7. Dissolução do Parlamento por se revelar já ilegítimo, pois o seu mandato de 4 anos já a muito tempo expirou. 

  8. Demissão do chamado GURN e criação de órgãos provisórios de Transição e de consulta popular. 

Caros Compatriotas, Militantes, Simpatizantes e Amigos da FNLA Rendamos homenagem a todos que verteram o seu sangue por este país. 

E com a vossa permisão peço um minuto de silêncio em memória dos irmãos tombados pela causa da liberdade e da paz em Angola. Muito obrigado. 

VIVA A JUVENTUDE ANGOLANA 

VIVA A JFNLA 

VIVA A CNF 

VIVA OS ANTIGOS COMBATENTES 

VIVA A OPOSIÇÃO DEMOCRÁTICA 

VIVA A FNLA 

TODOS POR UMA ANGOLA UMA ANGOLA PARA TODOS LIBERDADE E TERRA VIVA ANGOLA"

 

Última actualização/Last update 28-05-2001