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PRESS RELEASE NR.01/UNITA/
C.P.C.P/2001

MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998

CARTA ABERTA AOS POVOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

CARTA ABERTA A TODOS OS ANGOLANOS DE BOA FÉ!

Eu, Armando Pedro Jorge Caetano, deputado à Assembleia nacional pelo partido UNITA, venho por este meio informar a todas as pessoas de bem dentro e fora do País que após o ataque a Caxito efectuado pelas tropas da UNITA, um membro da cúpula do MPLA dirigiu-se a um parente meu, por três vezes, para lhe dizer que a direcção do seu partido tinha dados de que eu tenho estado a colaborar com a guerrilha. 

Considerando estas acusações de extrema gravidade, concluo que a minha vida corre perigo. Já não tenho dúvidas de que existe um plano macabro contra mim, pois se a cúpula do MPLA tem provas porque é que não move um processo-crime aberto ? 

Tudo não passa de uma farsa para preparar psicologicamente os meus parentes para o mal que me poderá acontecer. Eu sei que para a direcção do MPLA, o meu único pecado, talvez mortal, foi ter rejeitado integrar-me na UNITA-Renovada e defender sempre e vigorosamente a via do diálogo inclusivo e permanente como a única capaz de levar os angolanos à Paz e reconciliação de facto. Gostaria de recordar que: 

1- em finais de 1992, após os confrontos pós-eleitorais, milhares de angolanos militantes da UNITA (civis indefesos, algumas vezes até parentes e amigos destes, foram executados por todo o País sob pretexto de possuirem rádios de comunicação para a correcção de tiros de artilharia. Foi uma verdadeira caça-ao-homem; 

2- em princípios de 1993, após o incitamento à violência propalada pela rádio nacional de Angola, orientada claramente para tal e que afirmava haver comandos zairenses de Mobutu infiltrados em Luanda para assassinar o Presidente José Eduardo dos Santos, seguiu-se o massacre de milhares de Bakongo, isto é, pela polícia nacional segundo testemunhas, na tristemente célebre sexta-feira sangrenta; 

3- em meados de 1998, o Jornal de Angola veiculou uma informação em como cerca de três mil comandos da UNITA teriam sido infiltrados em Luanda para tomar o poder pela força das armas. Dias depois, cerca de trinta pessoas foram mortas no Bairro do Kikolo pela polícia nacional, segundo testemunhas aí residentes. Recorde-se que o Bairro do Kikolo foi, em 1992, considerado Praça-forte da UNITA em Luanda, até porque foi lá onde o Dr. Savimbi votou. 

Se nos casos atrás citados houve pura conincidência de factos ou não, deixo à consideração dos autóctones angolanos. Aos 17 de setembro de 1999, desapareceu misteriosamente de um jantar oficial, no jardim da cidade alta, organizado pela direcção da assembleia nacional de Angola (Parlamento) para os participantes à conferência da UPA (União dos parlamentares africanos), o deputado João Ngalangombe. Foi encontrado por parentes, depois de várias buscas, morto com um tiro na cabeça, na morgue de Luanda (Hospital Maria-Pia), dia 19-09-99, dois dias depois. 

Segundo informações do responsável da morgue, foi a polícia nacional que para lá levou o corpo dia 18-09-99, alegando tê-lo encontrado nas áreas do Benfica. Até hoje, a polícia nacional não se pronunciou sobre o caso. 

Porém, os deputados da UNITA e não só registaram os seguintes factos: 

a) - o Governo não emitiu à família nenhuma mensagem de condolências pelo ocorrido; 

b) - o Governo rejeitou a realização de um velório, a que todos os deputados têm direito, no salão nobre do governo provincial de Luanda; 

Tal como eu hoje, estou recebendo recados indirectos de morte, o colega Jão Ngolangombe também os recebeu, antes de ser assassinado, pelo que considero que a minha vida corre perigo. 

A pessoa responsável por estas ameaças, não só é colega na assembleia nacional como é também alto responsável do MPLA. Desde já, responsabilizo-a por tudo o que de mal me vier a acontecer. se possue provas contra mim, que as leve abertamente à Justiça e não opte por métodos, por nós conhecidos, das tristemente célebres PIDE-DGS e MINSE-DISA para o silenciamento dos opositores. 

Não é justo que por causa de Caxito se retalie sobre inocentes. A comunidade internacional aqui representada através dos seus embaixadores não deverá manter-se inerte perante intenções de carácter macabro que alguns dirigentes do MPLA pretendem levar a cabo. 

Peço a Vossa solidariedade. 

Luanda, 17 de Maio de 2001 subscrevo-me: 

ARMANDO PEDRO JORGE CAETANO

 

Última actualização/Last update 21-05-2001