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RELEASE NR.01/UNITA/ MEMORANDUM ON NON-COMPLIANCE BY THE MPLA 1975-1998 |
Malunguices (ÁFRICA FOCUS N.º 634 - 11.05.2001, pg. 6, Lisboa/Portugal) Um programa de ajuda humanitária a Angola, por parte de uma ONG alemã fez estalar desentendimentos entre o ministro da Reinserção Social, Albino Malungo e o novo embaixador alemão em Luanda, Klaus-Christain Kraemer. O programa chama-se Aldeia da Paz e é da iniciativa da ONG alemã, Friedensdorf, liderada pela mulher do político Scheuble. Tem por objectivo proporcionar a centenas de crianças angolanas viagens à Alemanha para tratamento e férias. A Friedensdorf, em anos anteriores, encarregou a Acção Angolana para o Desenvolvimento (AAD), uma ONG cujo sócio fundador é A. Malungo; da administração do programa em Angola, principalmente no que toca à selecção das crianças para a viagem à Alemanha. Durante o ano de 99 A. Malungo convenceu os responsáveis da AAD a entregar a gestão da organização a um alto funcionário do MNE, seu parente distante e amigo, que reestruturou a AAD de forma a trazer lucros directos aos seus sócios e especialmente ao seu sócio fundador. Perante uma situação de irregularidade de contas, entretanto detectada, a Friedensdorf pôs termo à sua cooperação com a AAD e tomou as seguintes medidas: a) Pediu a um antigo funcionário da AAD que registasse uma ONG representativa da Friedensdorf.b) A ONG foi registada com o nome de Aldeia da Paz para a Criança (APC).c) A sua constituição foi publicada no Boletim da República IIIª série, nº 14 de 23/03/01. A inscrição da APC como ONG foi recusada no Ministério da Assistência e Reinserção Social, por intervenção pessoal de A. Malungo. Razões apontadas pelo ministro: A APC estava a "sabotar" e a inviabilizar a AAD. A. Malungo escreveu uma carta oficial a K. Kraemer instruindo-o em tom pouco diplomático a recusar os vistos de viagem para a Alemanha a todas as crianças seleccionadas pela APC para o programa da Friedensdorf. O embaixador alemão reagiu informando o ministro da Reinserção Social que qualquer pessoa tem direito a um visto, que só pode ser recusado caso existam bases com fundamentos legais. Como consequência A. Malungo ordenou ao ministro do Interior que não fossem emitidos mais passaportes às crianças. Uma medida que só resultou em parte, uma vez que por essa altura já tinham sido emitidos 27 passaportes, o que permitiu que essas crianças viajassem em 28.Abr. para a Alemanha (em vez das 50 previstas). Poucas horas antes da partida do voo da Friedensdorf ainda houve tentativas de chantagem: a) Um dos sócios de A. Malungo na AAD, Vincent, francês de origem italiana, residente em Luanda e fornecedor de equipamentos sensíveis para o SINFO, alertou que o avião da ONG, de origem ucraniana, devia ser confiscado por levar a bordo contrabando de armas para a UNITA.b) O parente de A. Malungo telefonou ao embaixador K. Kraemer advertindo-o de que poderia atrasar ou dificultar a sua acreditação, devido às suas influências no MNE.c) O antigo funcionário da AAD que registou a Friedensdorf em Angola começou a receber ameaças de morte e a ser seguido por agentes da segurança. O novo embaixador alemão é um diplomata exepcionalmente credenciado, que serviu anteriormente no gabinete do chanceler. Foi igualmente embaixador no Vietname. A. Malungo é um dos governantes angolanos de mais baixa reputação moral, sendo também duvidosa a sua competência.
ÁFRICA FOCUS N.º 634 - 11.05.2001 Página 1 Angola Previsões sombrias 1. O colapso do regime de J. E. dos Santos, por via de uma rebelião interna acelerada por um aumento da pressão militar da UNITA, começa a ser admitido em previsões de evolução da actual situação constantes de análises de intelligence. O ambiente ao qual é atribuído mais elevado grau de potenciação de um colapso, a ocorrer provavelmente dentro de 3/4 meses, é o seguinte: a) Fracassa a campanha que as FAA se preparam para lançar (v. p.4) com o objectivo de eliminar Jonas Savimbi e aniquilar a UNITA nos seus principais santuários. b) A UNITA explora o insucesso do adversário escalando a sua própria pressão militar; inflige ao regime desaires susceptíveis de desencadear movimentos sediciosos internos (já embrionários), com os quais se articula. O cenário de um colapso apenas resultante de uma insuportável pressão da UNITA, face à qual tendências conspirativas internas se esvaziariam, também é admitido, embora com menor grau de probabilidade. Há indicações segundo as quais a própria UNITA encara um tal desfecho do conflito. 2. As previsões de um colapso do regime de J. E. dos Santos baseiam-se em factores entre os quais avulta uma contínua degradação da sua capacidade militar; os resquícios de tal degradação, agravados por adversidades políticas internas e externas, despertarão conspirações latentes. As FAA estão novamente a receber material de guerra e a acumular reservas logísticas; o MDN, Kundi Paihama, planeia uma nova viagem a Cuba, destinada a assegurar o concurso de mais assessores militares e adquirir material considerado disponível (no quadro de uma resolução da dívida). De acordo com assessments competentes, as FAA, nas quais o regime não deposita inteira confiança (por esta razão se mantêm afastadas de Luanda), estão minadas por factores de desagregação: desorganização geral, cansaço, indisciplina e falta de motivação. 3. O regime sentiu a operação de assalto da UNITA ao Caxito como um revés militar e político mais grave do que qualquer dos outros que o precederam (AF 633, p.5) ou do que se lhe seguiu imediatamente, i.e., incursões armadas à cidade do Uíge, com destruição de objectivos. a) O Regimento da Guarda Presidencial, incluindo a sua unidade de tanques da Funda, foi colocado em estado de alerta. b) Foram tomadas providências com vista a "sossegar" países amigos, eventualmente alarmados com o que acabara de se passar. A UNITA (gen. Apolo) entrou na cidade após 3 horas de fogo a que os seus defensores (PIR) não resistiram, pondo-se em fuga; retirou-se voluntariamente, depois de ter feito o que entendeu e de ter impedido por meio de emboscadas, a chegada de reforços. Como forma de diluir o embaraço interno e externo a que a operação do Caxito o expôs, o regime pôs em marcha uma campanha de propaganda política baseada numa exploração de aspectos humanitários aparentemente negativos para a UNITA. Na referida campanha teve papel particularmente activo a ADPP, uma ONG à frente da qual está a dinamarquesa Rikke Viholm (AF 607, p.7), a qual faz parte do conselho de curadores da FESA. A ADPP vive essencialmente de contribuições de empresas petrolíferas, incluindo a Sonangol.
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Última actualização/Last update 27-05-2001 |